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terça-feira, 23 de junho de 2009

Qual o valor do consumo para as crianças?



Na Educação Infantil, em uma sala com crianças com idade em torno dos quatro anos, no início do período a professora reuniu os alunos – mais ou menos 20 – e fez o que se chama uma “roda de conversa”, um dispositivo bem interessante quando bem utilizado. Mas, mais do que o procedimento, o que quero ressaltar foi o conteúdo da fala dessas crianças.
Como hoje é segunda-feira, elas queriam contar à professora e aos colegas o que fizeram no final de semana. Bem, muitas relataram atividades realizadas com a família e todas elas tinham um elo em comum: o consumo. Algumas crianças disseram que foram ao supermercado e contaram o que compraram; outras fizeram referência a lojas, outras ao shopping local, mas o que ressaltavam mesmo é o que havia sido comprado pelos pais, para a casa ou para a própria criança.
Claro que isso não significa que nenhuma criança dessa sala não tenha feito coisa diferente de consumir. Suponho que várias delas tenham ido visitar alguém ou tenham recebido alguma visita, que tenham brincado de algo diferente etc. Mas, uma coisa é certa: o consumo, pelo relato delas, foi a atividade mais valorizada.
Vamos nos deter um pouco nessa palavra: valor. Quando valorizamos algo, ou seja, quando investimos e/ou reconhecemos valor em algo - seja uma característica humana, um objeto ou uma atitude - significa que damos importância a isso que, de alguma maneira, desperta nossa admiração e/ou interesse.
Então, caros: se crianças pequenas valorizam dessa maneira o consumo, quer dizer que é essa a lição que temos transmitido. E vejam que o que está em jogo não é o ato de consumir mais ou menos, com maior ou menor regularidade, e sim o de VALORIZAR o consumo. Fiz questão de escrever essa palavra em letras maiúsculas porque já percebi que muitas pessoas, quando se referem ao consumismo, pensam na quantidade e na freqüência do consumo e não no VALOR que se dá a ele.
Consumir é algo bem simples e faz parte da vida de todos: trata-se de usar ou adquirir para uso algo que queremos e/ou que precisamos. Consumimos nosso tempo, os alimentos, objetos dos mais variados tipos etc. O que importa para quem educa não é o consumo, e sim o valor que se dá a ele.
Gosto de dizer que a parte mais importante da educação é o ato de pensar a respeito das ações que tomamos. Os equívocos e os erros que cometemos quando educamos nossos filhos e alunos não são problemáticos. Aliás, são inevitáveis. O problemático é valorizarmos determinadas características sociais sem reflexão, sem crítica, sem resistência alguma.
Os mais novos bem que poderiam considerar outros aspectos da vida como mais valorosos do que o consumo, não é verdade? Isso certamente contribuiria para uma vida melhor no futuro, para eles mesmos e para a humanidade. Para tanto, precisamos pensar nos valores que transmitimos de fato a eles e nos que realmente gostaríamos de ensinar.
Wanda

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