xxxx

sábado, 30 de maio de 2009

SER MÃE E TRABALHAR FORA.



Trabalho x maternidade

Como o mercado de trabalho adiou o sonho da brasileira de ser mãe
A história da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, está sendo escrita com base, fundamentalmente, em dois quesitos: a queda da taxa de fecundidade e o aumento no nível de instrução da população feminina. Estes fatores vêm acompanhando, passo a passo, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho e a elevação de sua renda. Em 1990, a parcela feminina chegava a 34,4%. Em 2006, as mulheres ocupavam quase 42% dos postos de trabalho. A mão-de-obra feminina está presente em todos os setores. Atualmente, são raros os segmentos exclusivamente masculinos. Elas estão cada vez mais conquistando posições. No entanto, ainda falta muito para alcançarem uma posição de igualdade em relação aos homens.
Para consolidar sua posição no mercado, a mulher tem adiado projetos pessoais, como a maternidade. A redução no número de filhos é um dos fatores que tem contribuído para facilitar a presença da mão-de-obra feminina. "A redução da fecundidade ocorreu com mais intensidade nas décadas de 70 e 80. Os anos 90 já começaram com uma taxa baixa de fecundidade: 2,6% que cai para 2,3% no fim da década. Com menos filhos, as mulheres puderam conciliar melhor o papel de mãe e trabalhadora", afirma o especialista em Reprodução Humana , o médico Joji Ueno, diretor da Clínica Gera.
A gravidez de uma funcionária nem sempre foi vista com bons olhos no mundo corporativo. Até algumas décadas atrás, em muitas companhias existiam restrições para a admissão de mulheres em geral, e a faixa etária mais atingida era entre 20 e 30 anos. A gravidez representava altos custos na folha de pagamento da empresa. "Hoje, observamos uma mudança na postura das organizações e isso se deve à evolução e à maturidade da mulher no campo profissional e ao próprio aumento da competitividade nas colocações de trabalho", afirma Ueno, que também coordena o c urso de Especialização em Medicina Reprodutiva , promovido pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo
Escolhas necessáriasAgora, é claro que para tantas conquistas há um preço a ser pago. Como pagar este preço de forma inteligente, como ser uma profissional vencedora sem precisar abdicar do desejo de ter filhos? "Hoje, devido ao competitivo mercado de trabalho e ao acúmulo de funções sociais, muitas mulheres optam por ter filhos mais tarde, depois dos 35 anos. O desejo da maternidade é adiado, mas não descartado", diz o médico.
O IBGE revela que o número de mães com mais de 40 anos no Brasil cresceu 27%, entre 1991 e 2000. As que tiveram filho pela primeira vez com idade entre 40 e 49 anos fazem parte de um segmento populacional com alta escolaridade. Neste universo, 59,1% completaram oito anos ou mais de estudo e são oriundas de famílias com alto poder aquisitivo. Além disso, 25,7% delas contam com rendimento mensal familiar de mais de dez salários mínimos; 58,8% já eram economicamente ativas e 79,3% eram casadas ou já haviam experimentado, no passado, a experiência de viver junto com um companheiro. Em 1991, o IBGE contabilizou 7.142 mães que tiveram o primeiro filho na meia idade, 0,67% das mães de primeira viagem no País. "Em 2000, o número de mães mais velhas chegou a 9.063, ou seja, 0,79%. Ainda que em número absolutos este grupo de mães seja pequeno, esse fenômeno é apontado pelo IBGE como uma tendência nos centros urbanos", afirma o médico.
O aumento da expectativa e da qualidade de vida do brasileiro também colabora com a decisão feminina de adiamento da maternidade. "Hoje, uma mulher de 60 anos tem vida ativa. Aos 40 anos, ela sabe que poderá criar bem o seu filho, acompanhar seu crescimento", diz Ueno.
Trabalho x gravidez A questão emprego x vida pessoal não deve ser pensada como uma dicotomia, como se ambos fossem forças que se repelem. Flexibilidade é muito importante para a mulher que deseja conciliar a carreira com a maternidade. "Quem pensa que uma excelente mãe é aquela que acompanha tudo que o filho faz o tempo todo e acredita que ser uma boa profissional é ter disponibilidade total, precisa saber que as coisas não são mais assim. A construção do ideal feminino deve ser feita de acordo com as limitações impostas pela realidade e com as expectativas diminuídas", aconselha a psicóloga Luciana Leis.
"Saber negociar horários e turnos de trabalho com os superiores, traçar estratégias que a conduzam até suas metas e objetivos, focar-se em prioridades, tecer uma rede de relacionamentos e apoio mútuo com amigos e colegas, delegar tarefas, estabelecer limites para as exigências que lhe são feitas e até mesmo saber dizer 'não', são atitudes necessárias, que deverão ser exercitadas pela profissional que deseja ser mãe", defende Luciana.
O relógio biológico Antes mesmo dos 40 anos, o relógio biológico feminino dá sinais de urgência. E aí chega a hora da decisão. Até na gravidez espontânea, a idade é um limitador natural. Quando a mulher nasce, seus ovários possuem entre 200 mil e 400 mil folículos - estruturas que originam os óvulos -, mas eles perdem qualidade ao longo da vida. "Aos 20 anos, há 40% de chances de uma mulher de vida sexual ativa engravidar. Aos 35 anos, esse índice é de 16% a 20%. Depois, a queda é vertiginosa. Aos 40, 8% de chances, aos 42, 5% e aos 44, 1%", explica Ueno.
O médico recomenda às mulheres que desejam engravidar após os 35 anos de idade alguns cuidados. "O primeiro deles é procurar o médico antes de engravidar. Depois, é importante fazer exames laboratoriais de rotina, tais como hemogramas, tipagem sangüínea, sorologias, exames de urina. Se tudo estiver bem, recomendamos também uma suplementação vitamínica de ácido fólico, três meses antes da concepção. Esta pode diminuir o risco de má formação do sistema nervoso central do bebê", explica o médico.
As grávidas acima de 35 anos estão mais sujeitas a abortamento, por isto, "depois de confirmada a gravidez, a mulher deve fazer um exame de ultra-som para verificar se o embrião está dentro do útero e se a gestação é única ou múltipla. Mulheres com mais de 35 anos também estão mais propensas a ter gestações múltiplas, anômalas ou fora do útero"

Um comentário:

  1. Maternidade x carreira não deixou de ser dilema. A não ser que a mulher seja uma profissional qualificadíssima e rara no mercado, para ser respeitda pelas empresas, realmente poder dizer não e impor limites aos seus empregadores. Caso contrário tem que abrir mão de acompanhar o desenvolvimento dos filhos sim. Felizes as que tem uma pessoa de confiança paa realizar essa tarefa. Outro dia ouvi alguém dizer que: - Atrás de toda muher emancipada tem uma mãe! Na nossa Confraria um belíssimo exemplo é a Jô avó do Matheus Solda.
    Ana Paula

    ResponderExcluir